Mais números

“Interrupção, incoerência, surpresa são as condições comuns de nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas coisas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados... Não podemos mais tolerar o que dura. Não sabemos mais fazer com que o tédio dê frutos”.
(Paul Valéry)
A palavra de ordem poderia ser volátil, mutação, flexibilidade. Escondida no meio delas, no entanto, sempre acaba saltando aos meus olhos a sensação de esgotamento carregada em cada uma. Líquido, se desfaz e escorre. Escorre pelas pelas paredes da maneira ininterrupta e indiferente com que as coisas costumam escorrer.
O novo tempo rabisca-se efêmero e intangível. Uma hora em cinco minutos, uma vida inteira em um dia... já encerrou, ficou na semana passada.
Se a durabilidade cansa, a sensação de instabilidade constante também faz contrair cada músculo até a inevitável exaustão.
Talvez eu precise rever o dicionário para ver em que ponto as palavras liberdade e passageiro passaram a ter o mesmo significado. Para mim ainda soam em pontas extremas.
Insistir espontaneamente, permanecer por vontade. Sempre em frente, constante no que torna feliz. Veja só, soa mais bonito do que eu imaginava... algumas coisas realmente merecem ficar.

8 comentários:
Mas afinal, o que se passa com a forma como o tempo passa? E como pode ser diferente o tempo, se o tempo é o mesmo para toda gente, se gente vive no tempo – ainda que não só no tempo presente – e se viver é passar para matar, enfim, a vida e o tempo, que continua a passar mesmo já tendo passado uma vida?
Lindo, Clara. Lindo! Me lembrou Kundera.
Um dos seus melhores textos!
ora clarimazini, eu concordo com você em gênero, número e grau! as letras acima são justamente uma brincadeira com essa noção de tempo fixo, ordeiro e acatado. afinal, "o que se passa com a forma como o tempo passa" é uma pergunta que só pode ser respondida individualmente e, nesse sentido, necessariamente contraditória com o passar do tempo marcado pelos ponteiros do relógio!!!
comentei aqui e o blogger apagou. :S
acho que ele não vai com a minha cara.
lindo.
quanto à última frase: é pena que nem sempre fiquem..
será a tal 'liberdade'?
rsrsrs: "o que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?" rsrsrsrs
É interessante relevar que nem tudo que dura é tediante. Ele quis dizer isso, espero.
Abração!
obrigaaada por ter passado no meu musicblog ;]
o seu é fantástico!
tenho um blogger de fotografias,
mas ainda tá no comecinho.
se der,dá uma olhada:
http://tefizumrock.blogspot.com
beeeejo :*
Líquido. A gente não consegue fazer parar, mesmo. Mas nem tudo é água (eu quero pensar desse modo).
P.
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