5.09.2007

Depende



Como quando você é criança, senta no banco de trás do carro e mesmo parado, consegue cortar a estrada a mais de 100km por hora. Sem notar que ela também te corta, na mesma proporção em que você acelera ou freia - mesmo sendo apenas um passageiro do banco de trás e sequer poder opiniar na música do rádio.

Mas ela também te corta, e esse eterno diálogo em sentidos contrários causa a impressão de que você realmente pode chegar a algum lugar, por mais controverso ou distante que isso possa parecer.

Como quando você é criança e fica horas contemplando a paisagem pela janela do automóvel - paisagem essa que os teus olhos infantis ainda classificam como passiva, e que podem jurar estar o tempo todo parada - até o dia em que você é apresentado aos malditos referenciais e passa a perceber que elas também corriam. E que, dependendo, parado estava você, com os cabelos bagunçados e os olhos cheios de certezas contidas.

10 comentários:

Thais B. disse...

O papa é pop,tem razão ¬¬

Fazer o quê,né...Cada um conquista
o mundo como pode.
Ele usa a inocência das pessoas u.u'

Diogo Lyra disse...

Estou adorando a nova fase, com textos maiores, mais ousados e, ainda assim, totalmente poéticos.

As estradas e a velocidade, os caminhos e o tempo... quem passa por quem e desarruma meu cabelo?

4rthur disse...

do ponto de vista da criança, é a paisagem que traz o vento que bagunça os cabelos.

do ponto de vista da paisagem, é o homem que vem com seus artefatos tecnológicos a desafiar o tempo e o espaço, revoadno as folhas secas.

do meu ponto de vista... malditos referenciais...

4rthur disse...

By the way, belas botas.

Fabrício Fortes disse...

qualquer forma de relativismo tem um pouco de mentira.. e um pouco de verdade também..

Daniela Lima: disse...

Amiga, você está deixando a física muy bonicta.

Te amo e adoro essa fotos. ;*

R. disse...

Eu ainda viajo assim. Vivo muito dentro de mim, quase um autista.

Anônimo disse...

Mal e bons precisamos deles.
Tendo a ser pacífico.

Bina Goldrajch disse...

Crianças: excusas de tudo e sempre libertas de esteriótipos ou responsabilidades. Daria um dedo do pé para voltar a ser uma.

Mario Vitor disse...

Clara, gosto muito do que escreves. Gosto especialmente desse. Me faz lembrar como via o mundo antes e como o sinto agora. Mundos bem diferentes e é estranho estar vivo como antes.
Um beijo.

Mario Vitor.