2.26.2008

Desmedida



A cidade vista de longe tem a altura do meu peito e o tempo de um susto. Luzes mergulhadas em um azul impossível - constelação de edíficios.


Eu, diante de dois céus igualmente infinitos.


A cidade vista de longe cabe na minha vista e, mesmo assim, ultrapassa a minha condição de mantê-la ao meu total alcance, esparramando pelas beiradas. É minha e não me cabe. Como qualquer coisa que valha a pena.

17 comentários:

Fabricio Fortes disse...

e, como diria o poeta,
tudo vale a pena...
muito bonito.
ah, e obrigado pelo link.. é bom ser recomendado em espaços interessantes.. principalmente quando se trata de um trabalho iniciante como o Almanaque.

Renato Alt disse...

E, afinal, o que são as cidades se não construções e reconstruções de nós mesmos, se não um apanhado de histórias, distintas para cada ouvinte, contadas por edifícios e calçadas e praças?

Lindo texto.

Filipe Garcia disse...

"Eu, diante de dois céus igualmente infinitos."

Clara, não sei se estou certo - se bem que interpretação vai da alma de cada um - mas fiquei enternecido com a metáfora dos dois céus, duas cidades... fui fazendo na minha mente a idéia de que temos dois mundos: o interno e o externo, sempre tão difíceis de conciliar.

um beijo.

4rthur disse...

Clarinha, sempre me impressiono com essa tua destreza pra dizer o indizível e conciliar idéias contraditórias. A cidade não pára.

beijo.

Samantha Abreu disse...

ah, que lindo....
me lembrou uma música da Zélia Dunkan que adoro...
"Do meu apartamento,
perdido na cidade,
alguém está tentando acreditar
que as coisas vão melhorar,
ultimamente..."
(sabe qual é?!)


Tuas palavras são doces e, ao mesmo tempo, capaz de bárbaries.
Um beijo, querida!

Carol disse...

Vc não imagina as coisas que eu escuto por ter escolhido história: desde "você vai morrer de fome com salário de professor" até "agora vai virar hippie e comunista"...

Pessoas sem a mínima noção das coisas, né?

Bjos

Fernando Locke disse...

Como havia dito antes: suas metáforas são muito boas! tem riqueza, tem leveza e ao mesmo tempo intensidade! "Luzes mergulhadas em um azul impossível - constelação de edíficios" Muito bom! abraço!

Bianca Feijó disse...

Que lindo Clara!!!

Lendo o seu texto me transporto a pensar que em suas palavras est�o contidas tantas outras que n�o foram mencionadas, mas as que aqui escritas dizem tanto e v�o al�m...

... n�o somente a cidade cabe em nossas vistas, e nem tudo que cabe esta ao nosso alcance, � somente para os olhos...

"� minha e n�o me cabe. Como qualquer coisa que valha a pena."

L.I.N.D.O, lindo!!!

Beijos!

Anônimo disse...

"É minha e não me cabe. Como qualquer coisa que valha a pena."
Concordo com você, mas não acho que isso seja ruim. O que vale a pena é tão e tão bom, que não pode ficar aprisionado na gente, ou morre, por falta de espaço. Precisa transbordar. Precisa ser a gota que derrama a água do copo e alivia a sede das plantas.
Precisa sair e ser dividido, compartilhado, vivido...

gostei muito daqui. Vou te linkar, tá?

Beijo.

Fernando Locke disse...

Yo! seguinte, surpresa pra vc em meu blog! espero que goste! vá de vestido pq a cerimonia promete! abraço!

:: Daniel :: disse...

Eu a convido para uma volta. Peguemos a ponte, rumo à terra outra. A um banho de mar. O mar revigora, acredite.

Obrigado pela visita à velha casa. Se não se importar, vou te linkar para visitar seu espaço mais vezes. =]

Bjo
Daniel

Germano Viana Xavier disse...

Olá!

Passei por aqui...
Gostei do blog...

Abraços pernambucanbaianos...

Germano
www.clubedecarteado.blogspot.com

Diogo Lyra disse...

Ah, Clarineta, sempre falando muito com o mínimo possível...

... eu adoro!

Jota disse...

Como qualquer coisa que só obedeça os limites da imaginação.

Jota disse...

Bom que só, teu blog, viu?

Anônimo disse...

"É minha e não me cabe. Como qualquer coisa que valha a pena."


lindo demais...mesmo=]
que a vida seja desmedida pra valer a pena!

Anônimo disse...

Escreves em poucas linhas linhas tão tocantes...