A Insustentável Leveza do Ser

A última página do livro esgotou sua última linha no roçar do meu olho direito que ainda ficou um bom tempo fixo e ao mesmo tempo inquieto no espaço em branco logo após o último ponto. Por algum motivo senti que mesmo chegando ao final, muitas outras linhas brotariam das páginas, como uma história que não consegue encontrar o seu fim específico.
Engraçado pensar que certos livros não são lidos apenas com os olhos, mas sim com o corpo inteiro. Notei, e não havia modo de negar - Cada frase já estava perfeitamente ajustada aos meus joelhos, entre os dentes e pendurada em cada fio de cabelo. Os meus olhos eram apenas o início, pude compreender ao final do livro. Tudo em mim emanava aquela história. Nas minhas pernas, no estalar de dedos, no movimento da minha língua - agora era ela quem me contava, e não acabaria tão cedo.
16 comentários:
AAAAAAAAAAh...não consigo esconder minhas estupefação!
Estava AGORINHA acabando de citar um trecho deste livro. Neste exato instante.
Pensando em acabar de me levar pela onda destas palavras, por toda essa atmosfera tão sugadora de qualquer medida de ser.
Ela por si só basta.
Isto basta. Enlouquece.
SER.
Muito louco...
;D
Cara, tem livros que são tão bons que, quando vou chegando perto do final, tento ler os parágrafos derradeiros mais devagar, saboreando aquela história que, mesmo depois de terminada, continuará sendo repaginada na minha memória.
Achei muito boa a imagem metonímica de uma leitura realizada de corpo inteiro .
ps - andas sumida, hein?
por algum motivo, a leitura para mim está sempre associada ao cheiro dos livros.. essa coisa que tu dizes sobre ler com o corpo inteiro.. é sensacional! não é só a visão, mas todos os sentidos estão envolvidos..
Conheço a sensação. Não apenas de A insustentável leveza do ser, mas de outros livros que me tocaram. É uma delícia, mesmo com aquela angústia que surge, seja pela força das palavras, seja pela iminência do fim do livro.
Clara, obrigado pela visita. Carlos Fuentes conta no seu livro "Geografia do Romance", a visita feita por ele e seus amigos Júlio Cortázar e Gabriel Garcia Márquez a Praga, em dezembro de 1968, quando conheceram Milan Kundera. Os novos amigos falam de literatura; de modo especial, de Kafka. Kundera faz inveja a eles, por ter lido as obras de Kafka, seu compatriota, no original. Fuentes conta que foi a Paris para o lançamento de "A bincadeira", de Kundera. A conversa entre eles foi bem maior... Clara, belo artigo o teu sobre os efeitos da leitura. Um abraço. Pedro.
Curiosa semelhança entre os sentimentos expressos neste texto e os que também expresso: a concordância, a repetição do mesmo que somos todos nós.
Parabéns.
Ah, os livros...
... meu único fetiche da mercadoria.
Textinho lindo Clarineta. Como sempre.
Bjs.
Sempre sensacional, Clara. Eu mais uma vez sem palavras... Por essas que eu venho aqui, sempre e acabo não falando nada. Mas dessa vez é obrigação, te roubei uma frase (mas creditei), ok??
Beijos
Sim Tereza!
Concordo. Ajustada em cada parte do corpo. Perfeitmente
Lembro que meu corpo se contorcia, parecia que meu riso corria meu corpo inteiro. Era Veríssimo e a primeira experiência corpórea, depois dele Nelson Rodrigues,depois Drummond.
Amei o blog
Parabéns
Como ninguém
Bonita a sua reação ao A Insustentável Leveza.
Digo que há outros que podem causar ainda mais.
Abraço.
A sintaxe peculiar do primeiro parágrafo me lembrou Clarice. Beijo!
Ahhh Clara, a Dani fala tão bem, mas tão bem de você.
Que bom que gostou do texto. Fiquei muito tempo sem escrever e estou enferrujada. Espero melhorar com o tempo.
Quanto ao livro, ainda não li! Simplesmente por birra! Meu namorado sempre recomenda quando estou procurando a minha próxima leitura e eu, por birra, sempre escolho outra coisa. Espero que algum dia ele pare de recomendar.
Voltarei aqui sempre.
Bjossssssssss
oi primeira vez no teu blog, mto bom!
e é vdd, tem livros q lemos com o corpo e outros com a alma.
Uau, ler isso me causa frio, ansiedade, alegria suave. Gozo. Descrição que deve superar o que você leu, se deve.
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