5.19.2008

Inflamável


As horas estalam em cantos de pássaros e motores desenfreados, enquanto o dia mal surge e já insiste em me levar rua abaixo. O movimento é inteiro e tinge todo o asfalto, tornando a cidade inutilmente vermelha, inutilmente atrasada.

A vida em forma de combustível avança na quinta marcha, pronta para estourar a qualquer instante. Aguardo no ponto de ônibus a minha vez de correr rabiscos cor de cimento. Dentro da minha camisa, fogos de artifício não me deixam mentir: Estar vivo é acima de tudo um ato violento.

21 comentários:

cra disse...

"eu não consigo me emocionar com o que não sinto como violento" CM

lembro-me

Fabricio Fortes disse...

ufa!
isso é muito bonito.. a vida como ato de violência.. isso desencadeou milhões de pensamentos e imagens em mim

Cássio Amaral disse...

está tudo corrido. bom o seu escrito e bacana seu blog. gostei.

beijabraço e muita luz.

Clarice disse...

Acabei de passear pelo seu blog, gostei tanto, seu texto tem intensidade e delicadeza, gostoso de saborear.

Poeta Mauro Rocha disse...

Violento...quando é por tesão a vida é mais que violenta então.Obrigado pela visita e gostei o seu blog,...inflamável...

MAURO ROCHA

R. disse...

Cada dia que passa o tempo passa mais rápido, já reparou? Cada semana voa um tico mais depressa que a outra e anda acelerando em progressão geométrica. São as nossas vidas descendo em catarata, Foz do Iguaçu. Anda assustando. Talvez seja a temperatura. Combustão violenta do motor na quinta marcha, explodindo dentro da camisa.

Um beijo

R. disse...

Ah, brigado pelo comentário. Minha auto-estima literária é baixa, haha. E é difícil aparecer um elogio de quem, realmente, SABE escrever. Aí quando aparece conta muito :)
Aliás, vc vive de escrever, né? É jornalista? Publicitária?
A fotografia é hobby? Ou é profissão (também?)?

4rthur disse...

adoro seus textos urbanos. O cinza realmente lhe cai muito bem.

Cássio Amaral disse...

me diga seu email que te mando meus livros que coloquei em pdf.

meu email: camal567@gmail.com

beijabraços.

p.s. esqueci te falar isso pra vc.

Por onde vou... disse...

Gosto da delicadeza com que escreve...é sutil...mas não deixa nada por dizer...
Adorei seu blog...

:: Daniel :: disse...

Tem dias que a gente não precisa acordar, tenho essa sensação. Principalmente quando estou prestes a explodir com o mundo. Pena que eu ainda não sei controlar quando ou com quem eu desopilo essa flama toda...

Flávia disse...

E ainda assim, violência maior é não viver...

Beijo, moça.

RENATA CORDEIRO disse...

Gostei muito do seu post e do blog. Dá uma passada no meu:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo doce,
Renata

Filipe Garcia disse...

E aqui faço uso das sábias palavras de Riobaldo que têm muito a ver com o texto seu:

"Viver é muito perigoso!"

- disse...

um ato violentíssimo.
falaste tudo!

Anônimo disse...

Violento, intenso, uma insana insolência...

Unknown disse...

que texto bonito! Parabéns!

Clareana Arôxa disse...

" a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta", já dizia Platão.

beijo!

Cláudia I, Vetter disse...

Pequenitudes em expansão.
Tu és dona desse artigo.

beijo!

Samantha Abreu disse...

impossível chegar ao final sem um suspiro de compreensão.
delicioso ler-te.
ardido e colorido, feito a vida mesmo, violenta e deliciosa como ela sabe ser...
Um beijo, Clara!

Anônimo disse...

não arredo pé antes de tecer comentários...
concordar é pouco, vivenciar é a melhor palavra... cidade vermelha: congestionamentos insuportáveis! Porque, então, insistimos permanecer nesse fuzuê, não sei.